DILEMAS DA VIDA – CONTINUAR OU MUDAR

 

ENSAIO NUMERO 22

Quando Kurt, meu socio de muitos anos e eu trabalhamos com grupos de executivos, era praticada a dinâmica grupal, que tinha por finalidade aumentar a confiança e a colaboração entre departamentos, e funcionários, mas especialmente aumentar a percepção das realidades que nos cercam, para estimular postura crítica e de mudanças necessárias.

Um dos exercícios ficou muito gravado na memória, e consistia em colocar o grupo, normalmente de em torno de 16 a 20 participantes, em um círculo. Isto feito, escolhia=se uma dupla, de preferência um homem e uma mulher.

O exercício consistia em colocar os dois de costas, e o homem após segurar pelos braços e pelas costas, levantar a parceira, e permanecer com ela suspensa. O exercício podia demorar somente alguns breves minutos, ou se estender mais tempo. Durante o mesmo, era perguntado ao homem como estava, e a resposta sempre era tudo bem, sem problema, pouco depois se repetia a pergunta, e a resposta continuava tudo bem. Após perceber o cansaço do exercício era terminado, e o grupo passava a avaliar como tinha sido, do ponto de vista dos observadores, e a resposta era: você estava tudo torto, e tendo bastante dificuldade, mas dizia que estava tudo bem. O seu cansaço era patente e claro. A questão que era provada no exercício, era que para não ceder, o homem não percebia o estado em que estava. A questão consistia na falta de perceber.

Nos dilemas da vida vivemos tendo desafios: desde os mais simples até os mais difíceis de resolver.

Por exemplo um desafio para os obesos, está em conseguir reduzir o peso, mas para isso, tem que sentir que está obeso, e se incomodar com isso.

Duas alternativas: sou obeso, mas sou feliz, ou emagreci e agora me sinto melhor. Qual das alternativas escolher?

A minha querida esposa Eva, sempre se cuidava para não engordar, e se necessário, fazia regime alimentar. Era preocupada, e atenta na questão de manter a linha.

Estou passando por um momento difícil. Com a ausência da Eva, a casa que já  era grande, depois dos filhos se casarem, agora ficou enorme e vazia e tenho um grande dilema: fico na casa que tem espaço para andar e passear, dentro de um condomínio muito especial, ou vou para uma casinha pequeninha, ou para um apartamento, o que significa grande mudança de vida. O novo local poderia ser perto do clube. A casa, tenho condição de sustentar, sem problema, o apartamento, ou casa pequena, em todos os casos estarei sozinho, com meus pensamentos, e com meus ensaios. Difícil será decidir o que fazer, e tenho sido aconselhado a não decidir precipitadamente, para não me arrepender mais tarde.

E bastante comum se encontrar empresas endividadas, com pouca ou nenhuma geração de recursos, e onde seus principais gestores estão cegos para os problemas e habituados a este estado, e sem perceber uma solução. Desta forma, e com falta de energia para proceder de forma pro ativa, e mudar, seja alterando portfolio de produtos, mudando a politica de marketing, ou alterando processos de produção, impedem o progresso e até a continuidade. Numa grande empresa de produtos plásticos, o fator determinante era a tecnologia ultrapassada, que estava sendo usada, e a empresa, que gerava muito desperdício, terminou sendo vendida, e mais tarde terminou sendo fechada.

Como consultor, especialista em empresas, a minha solução seria simples, alterar a equipe colocando pessoas competentes, e relacionadas ao resultado, e injetar recursos para alavancar o fator tecnológico, e o negócio e promover mudanças em produtos, e no marketing. O problema e que para os gestores não tinham a necessária percepção do problema, e consideram que estavam fazendo um ótimo trabalho. Para complicar existiam divergências entre sócios, o que dificultava uma solução.

Acostumado a fazer exercícios e caminhar em casa, vejo meus filhos e alguns netos, frequentando academia. Constato que no clube tem 4 mil pessoas fazendo exercícios, muitos da terceira e quarta idade, como eu.

Resolvi iniciar exercícios na academia do clube, com assistência de pessoa especializada, e fiquei satisfeito com a decisão. Podia ter desistido logo, mas já fazem vários meses, e pretendo continuar. Dilema ficar com os exercícios em casa, ou frequentar o clube? A escolha foi feita.

Durante os anos da década de 1930, Europa vivia convulsionada com litígios políticos entre partidos de esquerda, e o surgimento de movimentos de extrema direita, especialmente na Itália e Alemanha, mas também em Portugal e Espanha. Ancestrais de nossa família, que moravam nestes países estavam sentindo os desafios dos novos slogans antissemitas, e do crescimento das ideias fascistas e nazistas. Mussolini e Hitler cresciam em popularidade, e ciaram grupos violentos de adeptos.

Neste ambiente, no ano de 1934 um parente que se destacava por ser químico, e sentir as discriminações, resolveu emigrar da Alemanha nazista e veio se instalar no Brasil, trazendo junto com ele a esposa, a mãe e uma irmã. Foi percebendo com clareza, que tomou a decisão, enquanto outros judeus alemães, continuaram morando no país, acreditando que, como bons cidadãos, nada tinham a temer. A família Wendriner, ficou mais cinco anos, tolerando as perseguições crescentes, e acreditando que a situação mudaria, e somente quando o chefe da família foi preso, e conduzido a um campo de concentração, decidiram procurar sair do país. Foi a esposa que providenciou os documentos de chamada para o único país, que na época recebia imigrantes, na Bolívia, e no último navio a deixar Alemanha antes do início da guerra de 1939, se refugiaram fugindo às presas. A falta de percepção do Pai George, e a sensibilidade do tio Salo, permitiram, num caso tardiamente, salvar a família do holocausto, que se instalou na Europa, coordenado pela Alemanha. Existem dilemas que podem custar vidas.

Um dilema existencial é mergulhar no passado, ficar nas lembranças e no muito que vivemos, ou pensar no futuro, e moldar a vida para o que é possível de fazer acontecer. Não é fácil lidar com os dilemas da vida, especialmente neste momento da vida, com idade avançada.

Um amigo que morava durante 26 anos na cidade de Curitiba, resolveu mudar para perto de seu filho, e outros parentes, já com a idade demandando maior contato com a família, e está feliz com a decisão, tendo escolhido moradia em condomínio residencial.

Um parente de nacionalidade suíça, resolveu morar na Bahia, perto da praia e andar de bicicleta de manhã, para fazer exercício, em lugar de residir no país do qual possuía nacionalidade.

Sempre temos que escolher entre alternativas, e o importante e que a escolha tenha sido prazerosa, e satisfatória, sem arrependimentos.

Nas diversas fases da vida estamos com dilema de buscar, e conquistar amigos, ou nos isolar em nossa atividade, e na medida em que a idade avança e os amigos de sempre nos deixam, já maiores, fica difícil fazer novas amizades. Pode ser que uma solução seja lidar com profissionais para nos ajudar. Lembro que José Mindlin tinha uma pessoa que vinha na casa para ler para ele, já com dificuldade para fazer isso sozinho.

Outro dilema de empresas, é ficar pendente de empréstimos bancários, ou se livrar gradativamente da dívida. Existe um habito, que é quase um vício, e consiste em aceitar oferta do banco, e assumir empréstimo. Receber o empréstimo produz uma sensação de poder, e confiança. Mais tarde e na hora de devolver o dinheiro, e que aparecem os problemas.

Outro dilema que se me tinha apresentado, era escolher entre deixar meu pai morando em Buenos Aires com meu irmão, que passava dificuldades, ou colocar ele já com idade avançada, numa casa de repouso, ou ainda acolher ele, para morar nos últimos anos de sua vida conosco. Escolhi esta última solução, e fiquei feliz de ter podido oferecer conforto, e de ter ele na nossa vida. Deixou ótimas lembranças de sua sabedoria intuitiva, sobre a vida, e de como não ir ao médico, e se tratar sozinho.

Importante dilema, com a idade, é viver no passado ou pensar, planejar e atuar no futuro. No livro de William Ury SIM, E POSSÌVEL, ele menciona que quando um conflito está sendo conduzido nos porquês, e no passado, dificilmente haverá solução. Se ele for focado no que é possível se fazer para o entendimento, e ouvir as partes, ele terá probabilidade de sucesso. Assim também na vida, precisamos manter objetivos, e buscar o sentido, porque tudo que já fizemos tem pouco valor, o que importa é o que ainda queremos, e estamos fazendo ainda, sobre os dilemas da vida, e muito

agradável submergir no passado olhando fotos ou rememorando histórias vividas. Isto pode absorver, e ficarmos na contemplação do já realizado, das muitas atuações em empresas, nos trinta e cinco anos de consultoria, nas inúmeras viagens que fizemos, na vivencia de 25 anos como professor da USP, dos amigos que visitamos nas viagens, nos inúmeros congressos, primeiro da SMSC, e depois da SLADE. Mas raciocinando friamente tudo que fizemos foram vivencias ricas, e aproveitamos a vida, mas no tempo que nos resta é preciso pensar no futuro, no que ainda gostaríamos realizar, de novas viagens a serem ainda feitas, nas novas amizades a serem buscadas, nos ensaios ainda por escrever, sobre os mais variados temas e nas inquietações que nos motivam para continuar, com sentido da vida.

O futuro nos espera e não devemos desperdiça-lo ficando contemplando o passado.

Claro é que momentos de meditação voltados ao passado, e com os familiares e amigos, não deve ser desprezado, e haverá oportunidades para as lembranças, sem perder o foco na missão e no objetivo.

Para os jovens um dilema bastante comum se relaciona com a atividade que se dedica, e para isso é fundamental manter ágil e perspicaz, a percepção de não estar fazendo algo que no fundo desagrada, ou ainda se está com ambição de buscar realizações, empreendendo.

Como é percebido facilmente, não é possível aconselhar alguém a tomar decisões, cada pessoa tem o seu livre arbítrio, e a condição de decidir que caminho trilhar.

Em todos os casos temos prós e contras, vantagens e desvantagens, e a decisão a tomar não é tarefa fácil.

Neste momento da vida em que perdi a minha companheira de muitos anos, tomar decisões não é fácil, e fui aconselhado a consultar uma psicóloga que me foi indicada, estou fazendo isso, procurando auxilio para  buscar superação do momento, e encontrar o caminho do futuro, mesmo sabendo que com 94 anos de idade, não deverá ser muito longo.

Estou fazendo ginastica na academia do clube, e estou gostando, estou consultado psicóloga, estou mantendo a vontade de transmitir ideias e temas que me preocupam ,estou mantendo alimentação saudável e faço caminhadas diárias, não muito longas, mas mantendo esta atividade também leio livros que me são indicados, e que são do meu interesse, e estou iniciando a leitura do livro: Como as Democracias Morrem de Steven Levitsky & Daniel Ziblatt

Relacionamentos familiares são muito importantes durante a vida toda, mas especialmente depois de ter perdido muitos amigos e ascendentes, ficam os filhos e netos, sabendo que nosso papel não é de interferir ou demandar atenção, mas de esperar e acolher, ouvir e compreender, e somente aconselhar quando solicitado. Desta forma mantendo os relacionamentos, coisa que fizemos na vida toda, com respeito mutuo e compartilhando temas que interessam a todos.

Por ultimo e atualmente surgem novos desafios, como está sendo administrar a mudança provocada pelo falecimento da esposa, processos burocráticos envolvidos, e dilemas sobre o inventário a serem resolvidos oportunamente, mesmo que sejam estressantes.

Resumindo, grande importância a perceber, lidar com leveza frente aos dilemas, tomar o tempo que for necessário para decidir, e evitar tomar decisões das quais possa vir a se arrepender.

Luis Gaj julho/agosto de 2025

“ESCREVER PARA VIVER, VIVER PARA ESCREVER”

Si no puedes volar, corre, si no puedes correr, anda, si no puedes andar gatea, pero sea lo que hagas, nunca dejes de avanzar.

Martin Luther King Jr.


J F Saporito:

Tomar decisões é algo que nos acompanha desde os primeiros anos de vida. O bebê quando nasce já toma a sua primeira decisão ao definir sua   preferência pelo leite materno, de vaca ou um daqueles especiais recomendado pelo pediatra e produzido pela Nestlé.

 As tomadas de decisões desafiadoras que fazemos em diferentes momentos do ciclo de nossas vidas acabam por determinar consequências que tanto podem ser boas e satisfatórias em relação ao que esperávamos como podem ser negativas e frustrantes. 

Nos primeiros anos de escola o jovem precisa decidir se informa aos pais que tirou uma nota baixa em uma matéria importante ou se omite a informação que pode acabar em reprovação no final do ano. Essa tomada de decisão simples tanto pode ajudá-lo a superar um problema escolar, como influenciar o futuro pessoal e profissional desse jovem por má qualidade na formação acadêmica.

A decisão sobre que carreira profissional seguir é um dilema que atinge a maioria dos estudantes em fase de iniciarem um curso universitário. O interesse pessoal por determinada área, o diálogo aberto com a família e algumas vezes a influência do meio ajudam na tomada de decisão certa. Não é incomum um jovem ainda imaturo e sem estrutura de aconselhamento familiar, iniciar um curso superior e no meio do caminho perceber que não é o que ele queria, gerando mudança de rumos após um período de  insegurança pessoal. Às vezes funciona, mas muitas vezes não.

Imaginem uma pessoa participante de uma família que abraça determinada religião ver-se atraído por uma outra religião. Que decisão tomar? 

Ao entrar no mercado de trabalho, a necessidade de tomada de decisões entre o imediatismo de buscar um salário melhor versus uma planejada progressão de carreira em empresas sólidas  e progressistas que oferecem oportunidades de médio prazo, assombram a maioria dos recém formados e até mesmo algumas pessoas com determinado conhecimento técnico.

A decisão de casamento com a pessoa com quem se pretende conviver pelo resto da vida é um desafio. Pode dar certo ou não, hoje em dia aparenta que dá mais errado do que certo.

As decisões de cada pessoa em particular são diárias, são de pequeno e médio porte, e algumas muito importantes. Ao longo da vida todos humanos tomam decisões boas e más. Ninguém acerta sempre,

Decidir é o risco imposto pela própria vida. São tantos exemplos que acabamos por não perceber que vivemos decidindo. Que banco escolher para as operações financeiras; nas viagens de turismo ou de negócios; em que hotel ficar; morar em uma casa ou apartamento; cidade grande ou pequena; viver no país de origem ou imigrar para um outro país; no casamento quantos filhos o casal pretende ter; em que momento da vida decidir pela aposentadoria; compro uma geladeira nova a vista ou pago em x prestações sem juros; contrato um plano de saúde da seguradora  A ou B; Enfim, decidir faz parte do nosso dia a dia e frequentemente nos coloca em cheque e dúvida sobre qual  a melhor solução.

 

Depois de uma longa experiência de vida em tomar decisões, atingimos um ponto de   maturidade aos   60,70, 80+ anos. Esse é o momento mais difícil das decisões porque nos leva a questionamentos sobre como queremos viver o futuro. Os filhos já têm vida própria, os netos que são a alegria de todos avós nos levam a reconsiderar conceitos de outras épocas e nos ensinam sobre assuntos que às vezes não compreendemos. Essas relações devem ser colocadas como muito importantes na saúde e no rejuvenescimento dos idosos.  

Quando estamos acompanhados no dia a dia com quem dividimos a nossa história de vida, as decisões ficam mais simples porque tudo o que foi construído ao longo dos anos está sob controle, consenso e harmonia. Cumplicidade é a palavra perfeita para definir um casal feliz e sólido que decide juntos. Entretanto, quando acontece a ausência de um dos parceiros são muitas as dúvidas do outro sobre qual é o próximo passo. Trata-se de um período de adaptação e transição.  Ser acolhido pelos membros da família nesse momento, evita o isolamento..

  

É nesse período depois dos 60 que começamos a  questionar mentalmente  se precisamos de todos os bens que acumulamos até aquele momento; se vamos deixar estabelecido entre os filhos e netos, orientações de sucessão sobre  o destino do patrimônio que eventualmente construímos; começamos a refletir sobre que  opções estão disponíveis para ocupar o tempo disponível, quer seja com atividades ainda profissional quer seja com hobbies; 

 

Ao longo dos meus 80 anos tive algumas oportunidades de ter que decidir sobre questões relevantes. Aprendi que não existe tomada de decisão 100% infalível porque os fatores emocionais, as raízes, as lembranças do passado, a família e a sociedade em geral sempre estarão participando dos acontecimentos que irão influenciar na decisão tomada. Aprendi que o importante é estudar as opções, ouvir e levar em consideração as  ponderações de pessoas próximas, refletir sobre os prós e contras de cada uma situações possíveis, definir com clareza “o que eu quero” e usando o bom senso e experiência de uma vida toda, decidir por aquela opção que mesmo não sendo perfeita e a que reúne as melhores condições de satisfazer as minhas necessidades. Uma vez decidido, valorizar os pontos positivos da posição tomada, trabalhando para sentir-se feliz.

Caro amigo Luís. Receba um forte abraço do seu aluno e amigo Saporito


Antonio Vac:

O Wulliam Ury precisava dar algumas aulas para o Trump para ele aprender o que é negociar e intermediar conflitos!


Miriam Menossi

Bom dia Luis!!

Segue minha reflexão sobre o tema do mês

 DILEMAS DA VIDA – Continuar ou Mudar

Dilemas, ah os dilemas!

Na condição de seres humanos, não conseguimos nos livrar deles desde criança: “não sei se estudo ou vou brincar” – “não sei se compro um doce ou guardo o dinheiro”. São frases do livro infantil “Ou isto ou aquilo” de Cecília Meirelles. O livro indica para as crianças que sempre vamos nos deparar com situações pedindo uma decisão.

E não é nada fácil decidir.

Para as pessoas que acreditam numa divindade superior, as situações tornam-se mais suaves.

Tenho uma amiga católica fervorosa que, por incrível que pareça, resolve e melhora sua vida de uma maneira invejável e tudo dá certo.

As pessoas que optaram pela autoajuda também.

A literatura de autoajuda que teve início no século XlX se consolidou nos anos 60/70 com forte influência da Psicologia, abordando temas como autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. E continua forte nestes tempos sombrios. As pessoas que utilizam a autoajuda também resolvem de maneira satisfatória seus dilemas. O interessante é que a Psicologia, num primeiro momento rejeitou a autoajuda e hoje são grandes aliadas.

Concluindo com base em fatos reais, o melhor que podemos fazer diante do dilema Continuar ou Mudar, é ter um plano de ação, em seguida se tranquilizar fazendo passeios junto à Natureza, tendo momentos agradáveis com a família, os amigos e até com pessoas desconhecidas e, à moda dos  esotéricos, acreditar com convicção

“Que aconteça o melhor”
Miriam – agosto/2025

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